ATIVIDADE INDUSTRIAL SINALIZA TENDÊNCIA DE CONTRAÇÃO EM MARÇO
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março, a produção industrial exibiu alta, em relação a fevereiro, de 0,3%, e quedas de 4,5% e 2,1%, nas comparações e com o primeiro trimestre e com o mesmo mês de 2021 (ver tabela abaixo), enquanto no acumulado de 12 meses, houve crescimento de 1,8%, menos intenso que aquele observado na leitura anterior.
A queda anual poderia ser explicada, em parte, pela existência de um dia útil a menos, mas, em conjunto com a “perda de fôlego” registrada nos últimos 12 meses, sinalizaria trajetória de contração da atividade do setor. Essa tendência é decorrente, pelo lado da oferta, da falta de insumos (principalmente semicondutores) e do maior custo das matérias primas, cujo repasse aos consumidores é inibido por sua baixa demanda, fruto da menor renda e do crédito mais caro e escasso.
No comparativo anual, três das quatro categorias de uso consideradas na pesquisa do IBGE apresentaram contração, com destaque negativo para os recuos da produção de móveis e máquinas, aparelhos e materiais elétricos. Na contramão, as maiores contribuições positivas vieram do crescimento de outros produtos químicos e bebidas. A produção de veículos também mostrou alguma expansão, mas se mantém 133,8% abaixo do período pré-pandemia (fevereiro de 2020).
Em síntese, em março, a atividade industrial segue com limitações, tanto do lado da oferta, provocadas pela guerra na Ucrânia e pelo lockdown na China, como por parte da demanda doméstica. A perspectiva para o resto do ano é de “perda de fôlego” do setor, cuja intensidade dependerá da evolução desses dois eventos internacionais e dos impactos da redução do Imposto sobre produtos industrializados (IPI) e do Auxílio Brasil na procura pelos produtos industriais.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal