PIB CRESCE 2,9% EM 2022, MAS DESACELERA NO QUARTO TRIMESTRE
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 2,9% em 2022 (Gráfico 1), em linha com a expansão projetada pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), que alcançou a 2,8%. Contudo, houve forte desaceleração da atividade econômica nos últimos três meses do ano passado, com crescimento anual que passou de 3,6% para 1,9%, e quase estagnação em relação ao terceiro trimestre, após ajuste sazonal (-0,2%).
Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, o consumo das famílias,principal componente da atividade econômica pelo lado do gasto, apresentou crescimento de 4,3%, em decorrência do aumento da massa de rendimento, da maior confiança do consumidor, medida pelo Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC), elaborado pela PiniOn/ACSP, e dos efeitos positivos dos auxílios governamentais e da desoneração de impostos. Em relação ao período julho-setembro, contudo, houve desaceleração, causada pelo custo elevado do crédito e pelo alo grau de endividamento das famílias.
O investimento produtivo (formação bruta de capital fixo) também mostrou desaceleração, na mesma base de comparação, crescendo 3,5%, após alta de 5,0%, registrada no terceiro trimestre, o que de igual modo se explicaria pelos juros elevados e pela diminuição da confiança do empresário. O mesmo ocorreu com o consumo de governo, que se elevou em 0,5%, refletindo as dificuldades em equilibrar as contas públicas.
Por outro lado, o valor das exportações apresentou aceleração, crescendo 11,7%, em relação ao quarto trimestre de 2021, refletindo a forte expansão dos preços internacionais das matérias primas, conjuntamente com a maior cotação do Dólar. No caso das importações, que anotaram alta de 4,6%, houve, ao contrário, intensa desaceleração, refletindo o desaquecimento do mercado interno. Assim, o desempenho do setor externo como um todo redundou em contribuição positiva para o PIB.
Pelo lado da oferta, a produção industrial desacelerou ligeiramente, aumentando em 2,6%, ante 2,8% observado na leitura anterior. Esse aumento se deve fundamentalmente ao arrefecimento do segmento Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos. A construção civil e a indústria de transformação também deram contribuições positivas.
O setor serviços, principal segmento produtivo da economia, também apresentou expansão menos intensa (3,3%), na comparação com o terceiro trimestre do ano passado (4,5%). Transporte, armazenagem e correio e quase todas as atividades desse setor também se expandiram. No caso do comércio, a alta foi de apenas 0,8%, em função das maiores taxas de juros e do maior grau de endividamento das famílias.
A agropecuária, por sua vez, sofreu queda de 2,9%, na mesma base de comparação, causada fundamentalmente pela menor produtividade dos produtos com safra significativa no último trimestre (mandioca, fumo e batata inglesa).
Em síntese, o resultado do PIB no ano passado pode ser visto como positivo, com a atividade econômica crescendo acima do seu potencial, porém com “perda de tração” a partir do quarto trimestre.
Para os próximos meses, a perspectiva é de continuidade do arrefecimento do crescimento econômico, devido à manutenção de elevadas taxa de juros e das incertezas internas e externas.
Assim, para o ano de 2023, o modelo econométrico desenvolvido IEGV/ACSP, projeta crescimento do PIB de 0,6%, menos intenso do que o resultado projetado anteriormente (Gráfico 2).
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal