Temas em análise 325: Inflação tem Forte Recuo em Termos Anuais

INFLAÇÃO TEM FORTE RECUO EM TERMOS ANUAIS

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado o índice de inflação oficial, em março, apresentou alta de 0,71%, ante 0,84% no mês anterior, abaixo das expectativas de mercado. Também houve forte desaceleração do IPCA, em termos anuais (acumulado em 12 meses), para 4,65% (ver tabela abaixo), nível levemente abaixo do limite de tolerância máximo (4,75%) da meta anual de inflação, perseguida pelo Banco Central.

O principal fator de pressão no mês foi o preço da gasolina, que subiu após a reoneração parcial do PIS/COFINS, enquanto os preços dos alimentos ficaram estáveis. A alta de preços em março foi menos disseminada (60% do total ante 65% em fevereiro). As medidas de núcleos da inflação, que sinalizam a variação do IPCA, excluindo-se a influência dos preços mais flutuantes, mostraram leve redução em termos anuais (12 meses), na comparação com a leitura anterior.

Por outro lado, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou variação negativa (deflação) de 0,34%, em março, ante alta de 0,04%, em fevereiro, causada fundamentalmente pela redução dos preços das matérias primas agropecuárias – IPA AGRO (farelo de soja, soja e batata) e industriais – IPA IND (gasolina e diesel), intensificando a deflação no atacado no mês e no acumulado em 12 meses (-0,71% e -3,51%, respectivamente). Esse último resultado também gerou redução do IGP-DI em 12 meses (-1,16%).

 

Em síntese, o IPCA seguiu desacelerando fortemente em termos anuais, com aumentos de preços menos disseminados e ficando, por primeira vez em muito tempo, abaixo do “teto” da meta oficial de inflação. O IGP-DI registrou deflação em termos anuais, aliviando ainda mais a pressão dos custos de produção sobre os preços finais.

A perspectiva para os próximos meses, por um lado, é de desaceleração do IPCA, ao confirmar-se a safra recorde de grãos de mais de 309,8 milhões de toneladas. Contudo, por outro lado, poderia voltar a acelerar no segundo semestre, quando o efeito da desoneração dos combustíveis for retirado da base do IPCA.

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal