VAREJO SURPREENDE EM JANEIRO, APÓS FIM DE ANO FRACO
Os volumes de vendas do varejo restrito (que não incluem veículos, material de construção e também, a partir de agora, atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo - atacarejo) e do ampliado (que consideram todos os segmentos) apresentaram, em janeiro, altas de 3,8% e 0,2%, respectivamente, livres de efeitos sazonais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo mês de 2022, também houve crescimento nos dois tipos de varejo (2,6% e 0,5%, respectivamente), enquanto no acumulado em 12 meses, registrou-se aumento de 1,3%, no primeiro caso, e queda de 0,5%, no segundo (ver tabela abaixo).
Esses resultados vieram acima do esperado, mas, em geral, podem ser explicados pela menor base de comparação e pela maior quantidade de promoções realizadas durante o mês de janeiro, após um Natal e uma Black Friday mais fracos do que se esperava. O aumento da renda das famílias, decorrente da elevação dos rendimentos do trabalho, do saque extraordinário do FGTS e da volta do Bolsa-Família também explica o bom desempenho do comércio em janeiro.
No comparativo anual, houve alta nas vendas de oito das onze atividades consideradas pela pesquisa: combustíveis e lubrificantes; livros, jornais, revistas e papelaria, equipamentos e material para escritório; informática e comunicação; móveis e eletrodomésticos; tecidos, vestuário e calçados; hiper e supermercados; produtos alimentícios, bebidas e fumo; veículos, partes e peças e material de construção. Na contramão, os volumes comercializados de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria; outros artigos de uso pessoal e doméstico e do atacarejo mostraram recuo.
Em síntese, o varejo em janeiro surpreendeu positivamente, porém, foi impulsionado, em grande parte, por fatores passageiros. A perspectiva para 2023 é de alta moderada, por conta do crédito mais caro e escasso e da desaceleração da atividade econômica, que deverá reduzir a geração de empregos e arrefecer o aumento da renda, diminuindo a confiança do consumidor. O modelo de previsão do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), leva em consideração todos esses fatores e projeta crescimento anual de 0,8% para o varejo restrito (ver gráfico abaixo), com leve aceleração no último trimestre, no cenário de início do ciclo de redução da taxa SELIC por parte do Banco Central.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal