Temas em Análise 326: Varejo Surpreende em Janeiro, após Fim de Ano Fraco

VAREJO SURPREENDE EM JANEIRO, APÓS FIM DE ANO FRACO

Os volumes de vendas do varejo restrito (que não incluem veículos, material de construção e também, a partir de agora, atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo - atacarejo) e do ampliado (que consideram todos os segmentos) apresentaram, em janeiro, altas de 3,8% e 0,2%, respectivamente, livres de efeitos sazonais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo mês de 2022, também houve crescimento nos dois tipos de varejo (2,6% e 0,5%, respectivamente), enquanto no acumulado em 12 meses, registrou-se aumento de 1,3%, no primeiro caso, e queda de 0,5%, no segundo (ver tabela abaixo).

 

Esses resultados vieram acima do esperado, mas, em geral, podem ser explicados pela menor base de comparação e pela maior quantidade de promoções realizadas durante o mês de janeiro, após um Natal e uma Black Friday mais fracos do que se esperava. O aumento da renda das famílias, decorrente da elevação dos rendimentos do trabalho, do saque extraordinário do FGTS e da volta do Bolsa-Família também explica o bom desempenho do comércio em janeiro.

No comparativo anual, houve alta nas vendas de oito das onze atividades consideradas pela pesquisa: combustíveis e lubrificantes; livros, jornais, revistas e papelaria, equipamentos e material para escritório; informática e comunicação; móveis e eletrodomésticos; tecidos, vestuário e calçados; hiper e supermercados; produtos alimentícios, bebidas e fumo; veículos, partes e peças e material de construção. Na contramão, os volumes comercializados de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria; outros artigos de uso pessoal e doméstico e do atacarejo mostraram recuo.

Em síntese, o varejo em janeiro surpreendeu positivamente, porém, foi impulsionado, em grande parte, por fatores passageiros. A perspectiva para 2023 é de alta moderada, por conta do crédito mais caro e escasso e da desaceleração da atividade econômica, que deverá reduzir a geração de empregos e arrefecer o aumento da renda, diminuindo a confiança do consumidor. O modelo de previsão do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), leva em consideração todos esses fatores e projeta crescimento anual de 0,8% para o varejo restrito (ver gráfico abaixo), com leve aceleração no último trimestre, no cenário de início do ciclo de redução da taxa SELIC por parte do Banco Central.

 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal