Vendas do Varejo Recuam em Fevereiro, Sinalizando Desaceleração
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do varejo restrito (que não incluem veículos, material de construção e atacarejo), em fevereiro, recuaram 0,1%, em relação a janeiro, livres de efeitos sazonais. Na mesma base de comparação, o volume comercializado varejo ampliado (que considera todos os segmentos) avançou 1,7%. Ambos resultados vieram em linha com as expectativas de mercado. Contudo, no contraste com o mesmo mês do ano passado e no acumulado em 12 meses, houve altas de 1,0% e 1,3%, respectivamente, nas vendas do varejo restrito, e quedas de 0,2% e 0,5%, respectivamente, no caso do ampliado (ver tabela abaixo).
Os resultados anuais representam uma desaceleração em relação a aqueles registrados na leitura anterior, e podem ser explicados pelo menor crescimento da renda, pela menor geração de emprego e pelos juros mais altos, num contexto de elevado endividamento das famílias. A deterioração da situação financeira das famílias está levando os consumidores a priorizar a compra de itens básicos e menos dependentes do crédito. Nesse sentido, na comparação com fevereiro de 2022, os únicos segmentos do varejo que apresentaram expansão foram aqueles ligados ao consumo más básico: combustíveis e lubrificantes e hiper, supermercado, produtos alimentícios, bebidas e fumo.
Em síntese, o desempenho do varejo em fevereiro sinaliza uma desaceleração, em linha com o arrefecimento da atividade econômica. A perspectiva para o resto do ano é de continuidade dessa desaceleração, na medida em que a confiança do consumidor siga diminuindo, ao refletir as maiores restrições financeiras enfrentadas pelas famílias. Os programas de transferência de renda, o aumento do salário mínimo e uma futura redução dos juros básicos poderão atenuar esse quadro.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal