Temas em Análise 334: Inflação cai em Junho, mas ainda mostra Resiliência

Inflação cai em Junho, Mas Ainda Mostra Resiliência

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em junho, o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mostrou queda de 0,08%, menor do que era esperado pelo mercado. Assim, em 12 meses, o IPCA recuou para 3,16% (ver tabela abaixo), ficando abaixo da meta anual de inflação (3,25%).

As principais contribuições para a variação negativa do índice (deflação) de junho vieram das quedas dos preços de alimentação e bebidas e de transportes, devido à redução dos preços dos combustíveis, em decorrência da redução da alíquota do PIS/COFINS sobre a gasolina e o etanol, e dos automóveis novos, devido ao programa de desconto do Governo Federal. A alta de preços foi menos disseminada em comparação com o mês anterior, afetando 50% do total dos itens da cesta básica. Contudo, apesar do alívio representado pela inflação negativa, os preços de serviços e aqueles relativos aos núcleos da inflação, que excluem os mais flutuantes, mostraram descompressão menor do que o esperado.

Por sua vez, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) continuou mostrando deflação, caindo 1,45% em junho, devido principalmente à redução nos preços das grandes commodities (ferro, milho e soja) e à diminuição dos preços de automóveis novos, aprofundando a redução do índice em 12 meses, que alcançou a -7,44%.

Em resumo, o IPCA continuou apresentando desaceleração em termos anuais, refletindo a forte deflação das matérias primas. O IGP-DI, por sua vez seguiu mostrando aprofundamento da deflação “no atacado”, contribuindo para a descompressão dos preços pelo lado dos custos.

Para os próximos meses, é esperada uma aceleração do IPCA, em função do comportamento sazonal do índice, que prevê aumentos do índice no segundo semestre (ver gráfico na próxima página), do fim do efeito da desoneração dos combustíveis, ocorrida no ano passado, e da lenta desinflação dos serviços. A perspectiva de terminar o ano com o IPCA acima do limite superior da meta de inflação poderia limitar a redução da taxa de juros básica (SELIC) na próxima reunião do COPOM.

 
 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal