Varejo Continua Fraco em Junho, Mas Deverá Fechar 2023 com Leve Crescimento
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em junho, as vendas do varejo restrito (que não incluem veículos, material de construção e atacarejo) ficaram estáveis, em termos mensais, superando as expectativas de mercado (-0,2%), porém exibindo aumentos de 1,3%, na comparação com o mesmo mês de 2022 (ver tabela abaixo), e de 0,9%, no acumulado em 12 meses (levemente acima de nossa projeção – ver gráfico na página seguinte). As vendas do varejo ampliado (que inclui todos os segmentos) embora tenham continuado mostrando contração mensal, que alcançou a 0,5%, cresceram 8,5% sobre junho do ano passado, enquanto, em 12 meses, aumentaram 1,1%, ante crescimento de 0,2% na leitura anterior.
Na análise anual, os segmentos do varejo restrito cujas vendas aumentaram foram combustíveis e lubrificantes, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria; hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo e móveis e eletrodomésticos. Na contramão, houve queda do volume comercializado de outros artigos de uso pessoal e doméstico; equipamentos e material para escritório, informática e comunicação; tecidos, vestuário e calçados; livros, jornais, revistas e papelaria. No varejo ampliado, veículos e atacarejo mostraram importante aumento no volume comercializado.
O desempenho do varejo em junho continua refletindo, em geral, o baixo crescimento do consumo, afetado negativamente pelos juros altos, pela escassez de crédito e pelo alto grau de
endividamento das famílias, que são levadas a privilegiar as compras de itens mais básicos, e menos dependentes do crédito. O resultado positivo das vendas de veículos se deve ao efeito pontual do programa de desconto de carros populares.
O modelo de projeção das vendas do varejo restrito do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), que utiliza uma combinação das técnicas mais modernas de previsão, aponta para crescimento moderado em 2023 (1,7%). Esse resultado se
explicaria pelo crescimento da renda, em decorrência da resiliência do mercado de trabalho e das maiores transferências governamentais, pela recuperação da confiança do consumidor, e pela redução da taxa básica de juros (SELIC), que deverá contribuir para a retomada das vendas, a partir do terceiro trimestre. Outras iniciativas do governo, tais como o programa de renegociação de dívidas também poderão exercer influência positiva.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal