Temas em Análise 337: Produção Industrial cresce em Dezembro, mas termina 2023 praticamente Estagnada

Produção Industrial cresce em Dezembro, mas Termina 2023 praticamente Estagnada

Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dezembro, a produção industrial apresentou aumento de 1,1% em relação a novembro – muito acima das expectativas de mercado. Na comparação com o mesmo mês de 2023 subiu 1,0%, com dois dias úteis a menos, enquanto terminou o ano de 2023 praticamente estagnada, crescendo 0,2% (ver tabela abaixo), não sendo capaz de compensar a queda de 0,7% observada em 2022.

No contraste com dezembro do ano passado, se destacou a indústria extrativa (17,0%) – ligada às exportações – e segmentos relacionados a consumo básico, tais como derivados do petróleo e biocombustíveis (7,8%), alimentos (0,8%) bebidas (3,8%), confecções (6,4%) e produtos diversos (5,9%). Por outro lado, as principais quedas foram registradas em itens de maior valor e cuja compra depende fundamentalmente do crédito: veículos (-11,2%), informática e eletrônicos (-12,7%), aparelhos elétricos (-6,0%) e móveis (-3,8%).

Quase todas as categorias de uso apresentaram resultados negativos nessa mesma base de comparação. Os bens de capital sofreram a queda mais expressiva (-15,9%), com contrações no último trimestre da produção de máquinas e equipamentos para a agricultura, transporte construção e indústria. Os bens de consumo duráveis mostraram o segundo recuo mais importante (-0,9), seguidos dos bens de consumo semi e não duráveis (-0,2%). Somente houve expansão da produção de bens intermediários (3,7%).

Em síntese, a indústria tem se sustentado no segmento extrativo, nas áreas ligadas ao agronegócio e na produção de bens semiduráveis, comprados à vista nos supermercados. Já os bens de capital registram fortes quedas, refletindo possível contração nos investimentos, diminuindo as possibilidades de crescimento econômico futuro, e os duráveis sofrem com o crédito restritivo. A indústria enfrentará desafios durante o presente ano, pois a economia mundial não deve crescer muito, penalizando as exportações, e a demanda doméstica dependerá da manutenção do consumo, num contexto de juros ainda elevados. O Programa Nova Industria Brasil parece repetir erros do passado, e não ataca os problemas de fundo de baixa demanda e falta de produtividade do setor.

 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal