Indústria Surpreende em Março, mas Mantém Tendência de Desaceleração
A Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou um aumento na produção industrial, em março, de 1,2%, em relação a fevereiro, e 3,1% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, mesmo com um dia útil a menos. Esses resultados superaram as expectativas do mercado. O setor industrial acumulou uma expansão de 3,1% nos últimos 12 meses, acima da observada na leitura anterior (2,6%).
Essa expansão anual pode ser explicada pela demanda ainda aquecida por produtos industriais no mercado nacional, impulsionada pelas elevações da renda e do emprego.
Três das quatro categorias de uso mostraram resultados positivos, com a produção de bens duráveis, semi e não duráveis e intermediários mostrando aumentos de 2,8%, 2,2% e 3,7%, respectivamente. A única queda registrada, embora leve, ocorreu no caso dos bens de capital (-0,2%).
Em síntese, a indústria, em março, surpreendeu positivamente. Mas, os bens de capital (que dependem de crédito e das expectativas futuras) registraram leve sinal negativo, na comparação anual. A perspectiva para 2025 é de desaceleração da atividade industrial, com a SELIC próxima a 15% unida a um cenário de maior inflação, que reduz o poder aquisitivo dos consumidores.
Os efeitos do “tarifaço” de Trump podem ser ambíguos para a atividade industrial, pois, por um lado, pode estimular as exportações para os Estados Unidos de calçados, têxteis e móveis, já que as tarifas do Brasil são a menores (10%) que as da China e países da Ásia. Por outro, o País pode sofrer uma “inundação” das importações dessas áreas do Oriente. Finalmente, a próxima safra recorde pode impulsionar os insumos para a agroindústria, incluindo a produção de algodão para a indústria têxtil.

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal - 09/05/2025