Indústria Surpreende em Agosto, mas Mantém Tendência de Desaceleração
A Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou um aumento na produção industrial, em agosto, de 0,8%, em relação a julho, superando as expectativas de mercado, enquanto, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, anotou queda de 0,7%. Nos últimos 12 meses, o setor industrial acumulou uma expansão de 1,6%, abaixo da observada na leitura anterior (1,9%).
Essa queda anual pode ser explicada pelo enfraquecimento da demanda interna, decorrente dos juros elevados, num contexto de elevado endividamento das famílias e pela redução das vendas externas, devido ao “tarifaço” de Trump.
Três das quatro categorias de uso mostraram resultados negativos, com a produção de bens duráveis, semi e não duráveis e bens de capital mostrando recuos de 4,0%, 5,1% e 5,0%, respectivamente. A única alta registrada, ocorreu no caso dos bens intermediários (2,0%), que representam 55% da amostra.
Em síntese, a indústria, em agosto, surpreendeu com alta pontual. Mas, esse resultado não altera a perda de ritmo. Os bens de capital (que dependem de crédito e das expectativas futuras) registraram sinal negativo, na comparação anual. O mesmo se pode dizer quanto aos bens duráveis. Além disso, itens de exportação para os Estados Unidos já refletem os efeitos negativos da tarifação. A perspectiva para 2025 é de desaceleração da atividade industrial, com a SELIC próxima a 15%, unida a um cenário de alto endividamento dos consumidores e de arrefecimento da geração de renda e emprego.

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal - 15/10/2025