Xico Graziano lança “O Caipira e o Príncipe” em reunião do Agro

Xico Graziano foi o convidado da reunião do Conselho do Agronegócio desta segunda-feira (24). O agrônomo, economista e ex-chefe da Casa Civil no governo Fernando Henrique Cardoso fez o lançamento do livro “O Caipira e o Príncipe”, em que conta sua trajetória com a política e sua relação com o ex-presidente.

A reunião foi aberta pelo coordenador do conselho, Cesario Ramalho, que agradeceu sua presença lembrando que Graziano faz parte da história do agro brasileiro, como agrônomo e grande defensor do setor. “Ele é oriundo da Escola Superior de Agricultura de Piracicaba (USP) considerada uma das melhores do mundo”.

Causos
Graziano iniciou sua palestra falando sobre como resolveu escrever um livro sobre sua convivência com o Príncipe do título, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele conta vários “causos” para mostrar como um caipira se saiu trabalhando no dia a dia com FHC, um intelectual prestigiado e um bom presidente, segundo ele. “Além de contar a minha própria trajetória, a obra também remete a um pedaço crítico da história política brasileira, dos últimos 40 anos, quando se iniciou o processo que acabou colocando a nossa democracia a beira do precipício”.

Nesse sentido, Graziano lembra que um fator importante e que causou um grande desequilíbrio foi à luta do governo FHC pela aprovação da reeleição que, segundo ele, é uma das causas de todos os males que vieram com os presidentes que o sucederam. “O presidente FHC reconheceu o erro, mas a reeleição já estava consolidada e deu no que deu”, afirma.

 

Como ressalta Luciano Suassuna, no prefácio do livro de Xico Graziano: “Na superfície do ambiente político estão os cargos, projetos, decisões e realizações. A natureza humana vem abaixo dessa superfície e inclui: vaidade, arrogância, traições, frustações, mas também solidariedade, aventuras e paixões”.

PSDB

Um dos fundadores do PSDB Graziano conta a epopeia que viveu no partido desde a sua fundação, especialmente nos últimos anos. “Foi triste testemunhar o fim de um partido que tinha muita força e potencial para conduzir os rumos do Brasil, em diversas oportunidades”. Por uma série de razões e, principalmente por discordâncias internas, o PSDB, que havia sido um dos maiores partidos do País entrou em crise”, lembra. Ele participou como coordenador das campanhas de José Serra e Aécio Neve, mas depois de se desligar do PSDB por discordâncias, resolveu trabalhar com o marketing digital

Meio ambiente

No entanto, logo seu nome começou a ser cotado para o ministério do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, algo perfeitamente adequado para alguém que havia sido secretário do Meio Ambiente e da Agricultura em São Paulo. “Apesar da linha ideológica do governo, achei que em função de alguns ministros de outras pastas, como Teresa Cristina, da Agricultura, Paulo Guedes na Economia, o Sergio Moro na Justiça, poderia fazer um bom trabalho. Felizmente acabei não sendo escolhido e no Meio Ambiente ficou Ricardo Salles e o governo Bolsonaro acabou sendo um fracasso. “Ele não se lembrou de que o poder é passageiro e partiu para cima de todos de uma forma agressiva. Lógico que não deu certo”, completa.

Educação
Graziano acha fundamental a formação dos mais jovens para os processos de sucessão. Ele defende que eles sejam formados e treinados para ocuparem as posições dos mais velhos. “Além da importância de termos uma educação em geral de qualidade, precisamos de renovação e de formação adequada para que os mais novos possam conduzir o País e isto tem a ver com educação de qualidade em todos os níveis”.

Ele dá como exemplo as entidades ligadas ao Agro que estão sofrendo com a falta de renovação em seus quadros. “Todas elas são conduzidas por pessoas mais velhas. Precisamos renovar e criar novos quadros em todos os setores. Os desafios são enormes principalmente se considerarmos o mundo de hoje, cada vez mais complicado”, afirma.

COP 30

Para o ex-secretário, a COP 30 não atendeu as expectativas principalmente quando se fala na questão do chamado MAPA, ou o abandono do uso de combustíveis fósseis, que acabou não entrando no documento final do evento. “Sei que não é fácil convencer os países produtores de petróleo sobre essa questão tão importante, mas acho que será cada vez mais necessário convencê-los de que isto será muito importante para o futuro do planeta. Nesse sentido, a COP 30 pode ser considerada um fracasso”.

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Por ACSP - 24/11/2025