COVID-19: o que fazer com os estoques enquanto as lojas estão fechadas?

O isolamento social imposto pelo novo coronavírus tem trazido fortes impactos no comércio. Na capital paulista, milhares de lojas estão fechadas até, no mínimo, dia 22 de abril - período de quarentena estabelecido pelo governador de São Paulo, João Dória, na última semana.

Com mais gente em casa e sem consumir, a tendência é que, nos estabelecimentos, os estoques fiquem parados. Neste cenário complicado, mais do que nunca, o empreendedor precisa agir de maneira estratégica para conseguir manter o funcionamento da empresa.

Não existe uma receita: cada estratégia vai depender do tipo de negócio oferecido pela empresa. Os estabelecimentos que trabalham com alimentos, remédios ou produtos perecíveis, por exemplo, precisam se preocupar em escoar a mercadoria dentro do seu prazo de validade. Aí, vale recorrer às promoções em delivery ou, se não houver demanda, considerar a doação dos itens para evitar desperdício.

Farmácias, supermercados e restaurantes que fazem entregas, por exemplo, continuam tendo demanda e precisam manter o abastecimento de estoque. Por outro lado, os comércios que não atuam nas chamadas “atividades essenciais” devem agir com mais cautela. Os estabelecimentos de bens duráveis, por exemplo, não devem aumentar estoque neste momento.

A seguir, listamos algumas dicas para quem atua nesse nicho conseguir dar vazão ao estoque parado e movimentar o fluxo de caixa da empresa. Confira:

Trabalhe com uma margem de lucro reduzida

Reduzir o faturamento e a margem de lucro são medidas que não agradam as empresas, mas podem ser alternativas interessantes no período de crise. Lembre-se de que mesmo com as portas do estabelecimento fechadas, o custo do estoque se mantém ali.

O empresário que não tem um e-commerce e não pode adotar essa estratégia agora precisa recorrer às redes sociais para negociar os produtos ou apostar em sites específicos para venda que atinjam o público da região - para que consiga fazer a entrega em domicílio.

Vale lembrar que essa é a hora de vender o estoque para gerar caixa, pagar aluguel, custos básicos e funcionários, sem se preocupar tanto com a margem de lucro, pois ainda não se sabe por quanto tempo o comércio terá que ficar parado.

Recorrer ao crédito é uma boa opção?

Em alguns casos, também é recomendável que o lojista busque alternativas de crédito com condições acessíveis para honrar todos os compromissos financeiros nesse período e garantir a sobrevivência da empresa no mercado.

Agora, sobreviver com crédito barato é melhor do que demitir funcionários, vender todo o mobiliário e, quando a crise passar, ter que comprar tudo novamente e treinar novos funcionários. O tempo perdido com isso talvez seja maior do que tentar sobreviver durante essa crise, preservando o negócio e os empregos. Em outras palavras, seja cauteloso ao tomar qualquer decisão.

Entenda as necessidades do seu público e transforme a crise em oportunidade

Com a crise, a busca por bens duráveis e semiduráveis têm registrado as maiores quedas. Comércios que oferecem móveis, itens de vestuário e eletroeletrônicos estão entre os que mais sofrem com a baixa no consumo.

Com calma, analise o contexto em que o seu público está inserido e procure entender de que forma o que a sua empresa oferece pode ajudá-lo. Uma loja de brinquedos, por exemplo, pode aproveitar o aumento do trabalho em home office e mais crianças em casa, por conta do fechamento de escolas, para oferecer itens educativos ou novos produtos que distraiam os pequenos. A divulgação pode ser feita por redes sociais ou utilizando o mailing de pais que já tem.

Negócios de móveis, por sua vez, podem focar sua divulgação em utensílios para melhorar o trabalho em casa, como mesas, cadeiras e luminárias, ou até mesmo oferecer um home office planejado.

Nessa linha cabe a criatividade. De que maneira você pode desovar o seu estoque? Avalie a possibilidade de deixar folhetos no bairro e fazer as entregas. Estoque elevado é sinônimo de dinheiro parado - o que a empresa não pode ter neste momento.

Concentre-se em produtos mais baratos

Neste período, muitos brasileiros já estão sofrendo com as demissões e outros estão temerosos, com muitas incertezas sobre o futuro. Investir em produtos de valor alto não é uma prioridade para o público agora.

Se o seu comércio também disponibiliza itens mais baratos, aposte neles para direcionar a sua divulgação. Essa é uma estratégia que pode trazer retorno financeiro mais rápido para o negócio. Para os estabelecimentos que não têm produtos mais acessíveis em seu portfólio, não tem outro jeito: caprichar nos descontos é a melhor opção.

Vai perder produtos? Considere fazer doações

Em tempos de crise a solidariedade se faz ainda mais necessária, até porque muitas pessoas já estão sofrendo pela reclusão social e dificuldades financeiras. Alguns produtos de primeira necessidade podem não ter a saída esperada, por exemplo. Mostrar-se solidário faz bem, e oportunismo não é a palavra adequada para esse momento. Se você pode doar alguma mercadoria, faça essa escolha.

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Por ACSP