Desligamento humanizado: como reduzir o impacto de uma demissão?

Nas últimas semanas, as startups brasileiras estiveram entre os assuntos mais falados nos noticiários e nas redes sociais. Mas, diferentemente do que estamos acostumados, desta vez os comentários não tinham a ver com captações de investimentos milionários ou o crescimento exponencial dessas empresas. 

Pelo contrário: em meio à alta global dos juros, muitas dessas companhias se viram sem recursos para manter a mesma estrutura operacional e passaram, então, a fazer demissões em massa.

Nesse cenário difícil, muitos dos funcionários demitidos contaram que se sentiram desrespeitados pela maneira como as dispensas foram conduzidas. Em uma startup de serviços residenciais, por exemplo, os ex-colaboradores relataram que souberam do desligamento em uma reunião por vídeo com dezenas de funcionários.

Todos foram demitidos ao mesmo tempo, sem chance de fazer perguntas, argumentar ou pedir algum esclarecimento, já que os microfones foram desligados durante a reunião.

Embora o processo que envolve desligamentos de funcionários seja sempre delicado — e, nesses casos, necessário para tentar equilibrar o orçamento da companhia —, essa situação levantou uma questão importante: existem maneiras de tornar o processo de demissão menos doloroso para a empresa e para o colaborador? O que deve e o que deve não ser feito nesse momento?

Se você também tem dúvidas sobre o assunto, trouxemos alguns pontos importantes. Confira, a seguir: 

 

O desligamento não pode ser uma surpresa

O processo de desligamento humanizado começa antes mesmo da tomada de decisão pela liderança. Na prática, o colaborador precisa sentir que, mesmo em sua pior performance, teve a chance de melhorar seus resultados. 

No dia a dia, o líder precisa deixar claro que o funcionário não tem atendido às expectativas e oferecer apoio ao colaborador para que haja uma recuperação. Reuniões de 1:1 e feedbacks são estratégias importantes nesse sentido. 

Leia também | 1:1: como e por que fazer essa reunião com a sua equipe?

Nos casos em que as demissões não estão relacionadas às entregas do funcionário, como os que têm ocorrido nas startups, o ideal é falar abertamente sobre os motivos e o momento que a empresa atravessa. 

 

Seja transparente 

Uma das maiores falhas aocomunicar uma demissão é não comunicar de forma clara e objetiva por que o colaborador está sendo desligado. 

Muitos gestores enxergam essa prática como desnecessária, já que o profissional deixará a empresa. No entanto, vale lembrar que ao comunicar o que há de errado, a pessoa tem a oportunidade de se desenvolver e se sair melhor em novas oportunidades de emprego. 

 

Tenha empatia 

Seja qual for o motivo do desligamento, é importante que o gestor se coloque no lugar dessa pessoa e reflita sobre algumas questões importantes antes de dar a notícia. 

Se fosse demitido, você provavelmente não gostaria, por exemplo, que esse comunicado fosse feito em frente a muitas pessoas, certo? Então, escolha uma reunião pessoal e um ambiente privado para falar sobre o desligamento. 

Dê alguns minutos para o funcionário digerir a informação e, se for possível, se coloque à disposição para oferecer algum tipo de apoio.

 

Estenda os benefícios de saúde

Uma atitude interessante é estender por alguns meses os benefícios de saúde que a sua empresa oferece.

É importante considerar que a rescisão de contrato pode trazer consequências para a saúde física e mental dos ex-colaboradores e sua família.

Ao permitir que o profissional utilize o plano por mais alguns meses, a empresa oferece um tempo maior para que ele e seus dependentes possam concluir tratamentos em andamento e organizar-se financeiramente para continuar cuidando da saúde.

 

Faça uma carta de recomendação

Quando um bom funcionário é desligado da empresa, nem sempre é fácil retornar ao mercado imediatamente. Preparar uma carta de recomendação para os profissionais que foram demitidos pode ajudá-los nesse sentido.

Nesse documento, procure escrever sobre os resultados agregados e as competências daquele funcionário e informe um e-mail ou telefone para contato caso queiram checar as informações com você.

 

Mas por que optar pela demissão humanizada?

Além dos profissionais, as empresas, como marca empregadora, também podem ter problemas ao não planejar suas demissões.

É cada vez mais comum encontrar publicações de ex-funcionários que se sentiram maltratados pela empresa e relatam suas experiências ruins de demissão no Linkedin ou no Glassdoor, por exemplo.

Tudo isso pode prejudicar a reputação da companhia e dificultar a atração de novos talentos. Fique de olho!

Por ACSP